ARQUITETURA
Arquitetura é, antes de mais nada, construção, mas, construção concebida com o propósito de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade, visando uma determinada intenção.
E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se ela se revela igualmente arte plástica, porquanto nos inumeráveis problemas com que se defronta, o arquiteto, desde a germinação do projeto até a conclusão efetiva da obra, há sempre para cada caso específico, certa margem final de opção entre os limites (máximo e mínimo) determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio, reclamados pela função ou imposto pelo programa, cabendo então ao sentimento individual do arquiteto, no que ele tem de artista. Portanto, escolher na escala dos valores contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a cada por menor em função da unidade da obra idealizada.
A intenção plástica que semelhante escolha subentende é precisamente o que distingue a arquitetura da simples construção.
Por outro lado, a arquitetura depende ainda, necessariamente, da época de sua ocorrência, do meio físico e social a que pertence, da técnica decorrente dos materiais empregado, e finalmente, dos objetivos e dos recursos financeiros disponíveis para a realização da obra, ou seja, do programa proposto.
Pode-se então definir a arquitetura como construção concebida com a intenção de ordenar e organizar plasticamente o espaço, em função de uma determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa.
COSTA, Lúcio (1902-1998) – Considerações sobre arte contemporânea (1940). IN: Lúcio Costa, Registro de uma vivência, São Paulo: Empresa das Artes, 1995. 608p.il.